Chegou o momento que vocês tanto pediram: uma entrevista com Debora Donato!
Debora aceitou nos dar uma entrevista falando da sua história no mundo das promoções, mas não abriu mão de dividir o mérito com seu marido Eduardo Rocha, que é o grande parceiro dela nas promoções, e que ganha tantos concursos quanto ela. Tenho certeza que vocês vão amar conhecer mais do talento e da simpatia da “musa” dos concursos culturais e seu marido, companheiro dela na vida e nas promoções.
Com vocês, Debora Donato e Eduardo Rocha.
Baú da Promoção: Primeiramente, obrigada por aceitarem ser entrevistados aqui no Baú.
Como começou a história de vocês no mundo dos concursos culturais? Há quanto tempo participam?
DEBORA:
Eu ainda era pequena quando participei de um concurso cultural pela primeira vez – devia ter uns 8 ou 9 anos de idade. Na verdade, foi um concurso de desenhos promovido pela escola em que eu estudava, e o tema era “Sítio do Picapau Amarelo” (estávamos começando a ler as historinhas de Monteiro Lobato).
Como eu adorava desenhar, participei. Pelo que me lembro, seriam premiadas duas ou três crianças, e eu tive a alegria de ser uma delas. Ganhei um jogo de tabuleiro e uma espécie de “atlas do corpo humano”, com ilustrações dos ossos, músculos, órgãos... Ah, como achei aquilo fascinante! Certamente minha hipocondria começou ali.
Sempre me recordo desse concurso de desenhos, afinal, ele me trouxe um grande aprendizado: graças a ele, entendi que poderia ganhar prêmios simplesmente fazendo coisas que me eram prazerosas, como desenhar e escrever.
A partir dali, continuei participando esporadicamente de concursos que encontrava ao acaso, ou incentivada pela minha mãe, que também gostava de enviar cartinhas para sorteios e arriscava algumas frases. Aliás, foi ela que ganhou um ovo de Páscoa num Shopping Center perto de nossa casa e me encorajou a também escrever algumas frases e tentar a sorte. Fui lá e consegui ganhar outro ovo de Páscoa – mais um reforço positivo que me fez acreditar nos concursos culturais.
Já adolescente, na era jurássica da Internet, passei a investir em concursos promovidos por sites de cinema, para ganhar coisas como CDs, cadernos, camisetas...
Pouco antes de conhecer o Eduardo, comecei a aprimorar o “faro” para encontrar concursos em lojas e supermercados. Naquela época, ganhei um aparelho de DVD, um final de semana num hotel de Campos do Jordão e até uma quantia em dinheiro para um tratamento dentário – prêmio que fez meu pai dar pulos de alegria, afinal, ele estava gastando bastante com o aparelho da minha irmã...
Assim que eu e o Eduardo começamos a namorar, descobrimos que fazíamos parte de um triângulo amoroso: eu, ele e os concursos culturais. Dali em diante, unimos as nossas forças e nos tornamos grandes parceiros nessa atividade que tanto nos diverte e nos rende oportunidades únicas e histórias memoráveis.
EDUARDO:
Eu participo há quatorze anos. Em 1998, cinco anos antes de conhecer a Debora, participei do meu primeiro concurso cultural. A ação foi organizada pela MTV, que estava distribuindo ingressos para assistir ao show do U2 na primeira fila, de frente para o palco. E não é que tive a famosa “sorte de principiante”? A única frase que escrevi foi escolhida, e pude levar minha irmã para curtir a incrível PopMart Tour.
A partir daquele momento, percebi que valia a pena investir nos concursos culturais. Todavia, no início eu ainda participava de maneira esporádica (umas dez promoções por ano), sempre faturando algum prêmio, como ingressos de cinema, CD`s e DVD`s. É difícil explicar – fica uma sensação do tipo “Por que não me dediquei mais no passado?” –, mas a verdade é que não levava essa atividade tão a sério quanto atualmente.
Em 2003, conheci a Debora, e o mais curioso é que demoramos alguns meses pra descobrir nossa incomum afinidade. Quando o “segredo” foi revelado, teve início a nossa saborosa parceria nos concursos.
Mesmo assim, ainda não tínhamos o costume de procurá-los sistematicamente, participávamos de um ou outro. Foi só a partir de 2007 – portanto, há cinco anos – que começamos a encarar o mundo dos concursos culturais de uma forma, digamos, mais profissional.
Quantos concursos culturais já conquistaram durante esse tempo?
DEBORA:
Não faço a menor ideia. Não temos planilhas, listas ou qualquer tipo de controle dos concursos que já ganhamos. Costumo dizer que não gosto de contabilizar nossas conquistas – deixo tudo em aberto, justamente pra conta não “fechar”...
Para não parecer hipócrita, admito que a quantidade de carros e motos que ganhamos acaba ficando gravada em nossa memória, porque são prêmios de grande valor e que exigem a guarda de diversos documentos, além de declaração em Imposto de Renda.
Ademais, moramos num prédio onde temos apenas uma vaga de garagem, e não somos habilitados para guiar motocicletas – daí dá pra imaginar o jogo de cintura que precisamos desenvolver para lidar com toda a “logística” que envolve esse tipo de prêmio.
EDUARDO:
Nós temos uma espécie de pacto: olhar pra frente e pensar no concurso seguinte. É muito difícil contabilizar tudo o que ganhamos, preferimos concentrar nossas energias participando de novas promoções, pois os diversos sonhos que realizamos graças aos concursos culturais são simplesmente indescritíveis, e sempre deixam aquele gostinho de “quero mais.” Ora, quem sabe um dia, quando estivermos bem velhinhos, o historiador aqui não resolve fazer uma pesquisa de tudo que conquistamos, para escrever um livro com as nossas memórias?
Como vocês criam as frases? Elaboram juntos ou cada um na sua? A inspiração vem no estalo ou preferem trabalhar a ideia antes de enviar?
DEBORA:
De todas as maneiras possíveis: às vezes a sós, às vezes juntos, às vezes com dois gatos pulando sobre nossas cabeças...
Muitas vezes saio pra almoçar com papel e caneta na mão. Depois de comer, procuro algum banquinho sossegado e fico sentada ali, pensando em frases para algum concurso cultural enquanto observo as pessoas correndo pra lá e pra cá nas calçadas da Avenida Paulista.
O engraçado é escutar de alguns colegas de trabalho coisas como “Passei do seu lado na hora do almoço, fiquei te chamando e você nem me viu!”. Quando ouço isso, peço desculpas e sorrio, sem confessar que estava num verdadeiro transe pensando em frases para concursos culturais.
Sobre a inspiração, há situações em que “bato o olho” na pergunta e a resposta já vem à mente, e há outras em que fico dias e dias pensando até conseguir escrever alguma coisa.
O curioso é que, na maioria das vezes em que a resposta me surgiu como um “sopro”, o prêmio era uma viagem.
Para grande parte da humanidade, não há nenhum mal nisso. Para quem treme só de pensar em estar a 35 mil pés de altura, isso é um problema maior que um A380.
De qualquer forma, até hoje – e principalmente depois que descobri todo o potencial dos medicamentos ansiolíticos – a vontade de ganhar viagens continua sendo maior que o medo.
Por fim, existe também a questão da temática do concurso. Não é sempre que temos facilidade para discorrer sobre determinado tema, então tentamos “casar” as competências de cada um com o assunto do concurso – já imaginaram o Eduardo tendo que descrever uma experiência com um absorvente íntimo?
EDUARDO:
A regra é a seguinte: não há regras! Como diria François Rabelais, “Fais ce que voudras” (Faça o que quiser!) Algumas respostas são criadas em conjunto, desde a concepção da ideia até a finalização. Outras são inteiramente elaboradas pela Debora ou por mim. Não são raras também as situações em que um de nós tem uma ideia brilhante, porém é o outro que consegue desenvolvê-la.
O processo de criação é muito divertido. A ideia pode vir em qualquer momento – no chuveiro, na fila do banco ou dirigindo –, e é imprescindível ter um pedaço de papel para anotá-la. É importante desenvolver a percepção do “momento propício”: penso que todo mundo tem seu período diário de inspiração, basta saber aproveitá-lo do melhor modo possível.
Eu sou apaixonado por futebol, e algumas ideias surgem enquanto estou acompanhando uma partida – sou capaz de assistir qualquer jogo que estiver passando na TV, para desespero da Debora! Chamo este estranho modus operandi de “processamento paralelo”: fico ali vendo o futebol, porém com a pergunta de um concurso na tela do notebook.
Sempre vem alguma inspiração! Portanto, minha dica, que talvez não funcione pra todo mundo (a Debora tem uma opinião completamente diferente), é a seguinte: para encontrar um foco, experimente desconcentrar-se um pouco...
Só para dar um exemplo: foi vendo uma partida que participei de uma promoção onde você tinha que criar uma legenda pra uma foto. A imagem era de uma praia paradisíaca e deserta, com uma cadeira vazia, de frente para o mar. “O que você faria lá?” A ideia que me deu o prêmio surgiu como um raio: “Nadadinha no oceano e nadinha na cadeira!”
Eu e a Debora adoramos períodos como o Natal e o Dia das Mães, épocas em que participamos de dezenas de concursos. Nestas ocasiões, sentamos juntos e dividimos as diversas tarefas (“caça” das promoções, organização da relação dos concursos vigentes, criação da lista de resultados, elaboração dos rascunhos e finalização das respostas, dentre outras coisas).
Gostamos de reler as frases palavra por palavra, readequando-as até percebê-las como um refrão grudento de música. Uma das coisas que mais aprecio fazer é encolher as respostas para adequá-las ao número de caracteres previsto no regulamento ou para a quantidade de linhas do cupom. É uma atividade estimulante, que nos incentiva a enriquecer o vocabulário e a exercitar nosso poder de síntese. A língua portuguesa é bela e fascinante, e criar uma frase vencedora de um concurso é como descobrir um diamante bruto (a ideia) e lapidá-lo para brilhar intensamente!
Qual estilo de frase vocês acham que mais agrada aos jurados? Ou acham que vale tudo, como mandar rimas, metáforas mais elaboradas, trocadilhos, humor, velhas fórmulas?
DEBORA:
Santo Graal, monstro do lago Ness, vida em Marte e o estilo de frase que pode agradar aos jurados de um concurso cultural, eis aí grandes mistérios da humanidade.
No início, achávamos que a resposta tinha que ser delicada, lírica, quase um “haikai”, por isso, insistíamos em trabalhar com construções mais sóbrias. Com o passar do tempo – e após perdermos muitos concursos – percebemos que o segredo é tentar descobrir quem vai ler aquilo que escrevemos, imaginando o que essas pessoas gostariam de ler.
Infelizmente não há regras muito definidas. Eu cheguei a acreditar que o porte da empresa era diretamente proporcional à erudição de sua respectiva banca julgadora, e tive grandes decepções ao me deparar com diversas multinacionais premiando frases pífias. Por esse e outros motivos, passei a crer que os concursos culturais, além de uma disputa de talentos, também são um golpe de sorte.
Sendo assim, muitas vezes opto por agir com o coração e escrevo o que eu mesma gostaria de ler, unicamente pelo prazer de escrever, sem me importar com os jurados e assumindo o risco de não ganhar absolutamente nada.
Em outras ocasiões – especialmente quando estou lidando com prêmios de maior valor – tenho de ser mais estratégica e também elaborar as famigeradas “fórmulas”, não necessariamente esperando que o clichê seja premiado, mas tentando “neutralizar” outras frases que recorram ao mesmo artifício.
EDUARDO:
Em minha opinião, um dos maiores equívocos de quem participa de um concurso é achar que está escrevendo uma resposta para si mesmo.
Não, na verdade você está escrevendo para uma comissão julgadora. E, para complicar um pouco mais, as comissões são muito diferentes, dependendo da empresa que está organizando a promoção. Ora, pode ser uma agência de publicidade, o setor de marketing de uma companhia, a associação dos lojistas de um shopping, ou até mesmo uma única pessoa.
O desafio é saber o que vai agradar cada um desses públicos. Rimas e fórmulas não costumam dar certo quando são agências que escolhem as frases, mas caem como uma luva onde as pessoas encarregadas da seleção das respostas não têm muita experiência em promoções.
Há alguns anos, nosso maior desejo era fazer a frase mais criativa, hoje é fazer a frase vencedora do concurso.
Apostamos em tudo, mas sempre procurando oferecer clareza e algum diferencial na construção do texto. É interessante – e, admito, um pouco frustrante – notar que diversas vezes escrevemos respostas fantásticas e as velhas fórmulas num mesmo concurso, e são as segundas que ganham. No entanto, foi somente quando nos demos conta de todas essas nuances que nosso aproveitamento melhorou consideravelmente.
Vocês já ganharam prêmios incríveis através da criatividade, como carros e viagens. Tem como eleger qual foi o melhor prêmio?
DEBORA:
É muito difícil eleger um único prêmio. Tenho grande carinho por todos, afinal, cada um deles já foi parte de um sonho, independentemente de seu valor econômico.
Não posso negar que todos os carros e motos foram especialíssimos, porque são prêmios muito cobiçados e que ensejam grandes disputas. Além disso, as quantias que obtivemos com sua venda foram de extrema valia para o nosso orçamento.
Mesmo assim, gostaria de destacar outro prêmio que, para nós, também é inesquecível: uma diária na suíte presidencial do hotel Hilton, regada a muito, muito sorvete Häagen-Dazs! Esse concurso foi promovido pela própria Häagen-Dazs, e visava proporcionar ao ganhador a experiência exclusiva de passar 24 horas numa suíte presidencial cujo valor da diária gira em torno de R$ 15.000,00, com direito a um “personal waiter” (uma espécie de “garçom privativo”) pronto para elaborar inúmeras receitas deliciosas com Häagen-Dazs a qualquer momento.
Passeamos de limusine, fizemos massagens relaxantes, curtimos um banho de hidromassagem, tivemos um jantar sensacional no restaurante do hotel e, claro, passamos o dia saboreando drinks, canapés e sobremesas divinas elaboradas com Häagen-Dazs. Essa “experiência VIP” fez valer a pena – e muito! – cada quilo que engordamos naquele final de semana.
EDUARDO:
É difícil apontar um só, mas tenho os meus prediletos. Começo com dois que não foram ganhos em meu nome.
Em 2008, ganhamos três carros – como já disse, não somos de contabilizar prêmios, mas esse dado é memorável. Um deles saiu para a Debora, e os outros dois foram para o meu pai e pra minha sogra, que é como uma mãe para mim. Ah, e só para corroborar minha bizarra teoria do “processamento paralelo”: nesta última – um concurso cultural da Ford, que nos rendeu um Ford Ka e 1 ano de compras no Extra/Pão de Açúcar –, a frase surgiu quando eu estava dentro de uma empresa onde trabalhei, no meio de uma tarefa cotidiana!
Tão bacana quanto os prêmios materiais – que rendem um dinheiro extra, quando decidimos vendê-los –, são as experiências. É muito legal ganhar viagens, ingressos para espetáculos, cinemas, jantares, etc.
Gosto muito do U2, e os três shows da banda no Brasil (1998, 2006 e 2010) eu assisti de graça e confortavelmente, graças aos concursos culturais.
No ano passado, ganhei uma promoção de Dia dos Namorados do Shopping Villa-Lobos, aqui em São Paulo. O prêmio? Um ano de cinema grátis, com pipoca e refrigerante. Nós íamos duas ou três vezes por semana ao cinema, e ainda distribuímos dezenas de ingressos para familiares e amigos.
Os vouchers da pipoca e do refrigerante, que foram se acumulando – nem sempre utilizávamos – dávamos para desconhecidos na fila do cinema, que ficavam meio sem entender o porquê daquilo.
Esse prêmio foi muito especial para mim, pois pude compartilhar os frutos da conquista com outras pessoas.
Em termos de valor, meu maior prêmio foi um Peugeot 207, que ganhei no Dia das Mães do Shopping União de Osasco, em 2011.
Dentre os prêmios que vocês conquistaram, quais vocês consideram os cinco melhores?
DEBORA:
Dos prêmios que saíram em meu nome, posso elencar os carros, a estada na suíte presidencial, as viagens internacionais, os dispositivos eletrônicos e os eletrodomésticos.
EDUARDO:
Dos que saíram em meu nome: (1) Peugeot 207; (2) R$ 20.000 para utilizar em viagens, prêmio da Nokia; (3) viagens para Orlando (American Airlines e Fox); (4) motos e (5) produtos da Apple (é sempre legal ganhá-los!): iPhones, iPads e iPod Touch.
Os carros
Algum caso ou prêmio engraçado para contar que envolva as promoções e os concursos culturais, um mico ou prêmio inusitado?
DEBORA:
Há dois anos, ganhei um automóvel Fox de uma editora de revistas. A entrega do carro foi num buffet, durante o “Prêmio Olga Krell de Decoração”, evento em que arquitetos, decoradores e paisagistas são premiados pelos seus trabalhos.
Eu, o Eduardo e meus pais estávamos curtindo os “comes e bebes” quando anunciaram meu nome. Subi no palco e, envergonhadíssima na frente daquele mundaréu de gente, recebi simbolicamente as chaves do Fox, que estava estacionado do meio do salão, com o “pisca-pisca” ligado e um enorme laço de fita vermelho sobre ele. Na hora, pensei: “Ufa! Agora é só pegar o carro e ir embora!”. O relógio marcava 22h00.
Fomos atrás dos organizadores para nos certificarmos de que já poderíamos ir embora. Falamos com uma, duas, três pessoas, até que a responsável pelo buffet decretou: “Não tem como tirar o carro de lá, vocês precisam esperar o evento terminar e o pessoal desmontar tudo, porque o caminho por onde o carro entrou está completamente obstruído!”. Era plena terça-feira, e naquele momento agradeci a Deus por estar de férias.
Esperamos, esperamos, esperamos. Esperamos até que o mais cambaleante dos seres, trôpego pelo excesso de champanhe, deixasse a festa. O salão ficou vazio, as luzes foram se apagando e os rapazes da manutenção começaram a erguer as escadas para desmontar os holofotes.
A madrugada estava fria e não encontrei lugar melhor para me aquecer que não dentro do próprio Fox. Abri a porta, reclinei o banco e fiquei ali, observando aquela dança de mesas, cadeiras, copos e talheres enquanto escutava o Eduardo e os outros homens divagando sobre algum assunto relacionado aos holofotes e todo aquele aparato técnico dos eventos.
Por volta de 3h00, o sonho de tirar o Fox daquele salão começou a se concretizar. Os rapazes – que praticamente haviam se tornado amigos íntimos do Eduardo após filosofarem sobre todos os jogos do Corinthians desde 1910 – nos desejaram boa sorte, franziram a testa e começaram a gesticular guiando a nossa saída, e, como verdadeiros “Moisés”, abriram um caminho de salvação entre aquele mar de caixas de equipamentos.
Além do auxílio desses rapazes, preciso glorificar toda a perícia do Eduardo ao volante que, desviando dos obstáculos milimetricamente e de marcha ré, foi o maior responsável por esse nosso grande êxodo.
EDUARDO:
São vários ‘causos’, mas gostaria de narrar apenas três situações inusitadas.
Uma história engraçada ocorreu num concurso da Fox que oferecia uma viagem para Orlando, pra conhecer a atração dos Simpsons no parque da Universal Studios. Encontrei a promoção somente no último dia para inscrições. Numa correria absurda, fui ver o site do concurso – por volta de 18h, num domingo –, e fui surpreendido com uma mensagem do tipo: “A promoção está encerrada, aguarde o resultado!” Pensei: “Como assim? No regulamento diz que dá pra participar até hoje!” Puro engano, o regulamento estava certo: no site as inscrições seriam aceitas até as 18h. O que eu fiz? Convenci a Debora a sair de casa pra encontrarmos uma Livraria Saraiva – onde a mesma promoção estava sendo realizada por meio de cupons –, num shopping aqui de São Paulo (shoppings fecham às 20h no domingo). Debaixo de chuva e frio, corremos para pegar o cupom, sentamos na praça de alimentação pra comer um lanchinho e, ali mesmo na mesa, conseguimos elaborar uma frase. Faltando menos de 5 minutos para a loja fechar, lá estávamos nós depositando a nossa inscrição. E não é que ganhamos?
Outra situação singular ocorreu no último Dia dos Namorados. Poucos dias antes dessa data, tivemos um problema com o piso da cozinha e da área de serviço do nosso apartamento, e foi preciso agendar com a construtora para trocá-lo. A obra começaria numa segunda-feira e, em consequência disso, passamos o domingo inteiro – que, coincidentemente, era Dia dos Namorados – “preparando” a casa para o reparo, espalhando tudo – fogão, geladeira, máquina de lavar, etc – pelos cômodos. Ficou uma bagunça imensa! O nosso grande consolo era que, no final do dia, teríamos um jantar romântico no Terraço Itália (um dos pontos turísticos da nossa cidade, com uma vista deslumbrante), prêmio de um sorteio, um dos poucos que ganhei em minha vida.
O jantar estava marcado para 20h, mas lá pelas 18h30 ainda estávamos saindo de casa, bastante cansados, pra buscar um material que o pedreiro precisaria no dia seguinte. A loja de materiais de construção fica num shopping e, logo na entrada do estacionamento, vimos que era o último dia para participar de um concurso valendo R$ 2.000 em compras. Olhei para a Debora e ela adivinhou meu pensamento... Compramos os materiais em tempo recorde, paramos numa cafeteria já com os cupons em mãos, fizemos as frases em menos de 15 minutos e as deixamos na urna. Voltamos para casa, tomamos banho e chegamos em cima da hora para o jantar, que foi magnífico. Na semana seguinte, recebi uma ligação do shopping: “Eduardo, você ganhou o concurso da Corrida Romântica!” A moça que me contatou fez questão de lembrar que o nome da promoção era esse porque o prêmio tinha que ser gasto em uma hora. Pensei: “Ora, depois daquela correria toda, isso vai ser fichinha...”
A última história é mais curtinha. Ganhei duas motos em concursos e, como não sei dirigi-las, precisei contratar o sushiman da temakeria onde costumo almoçar para trazê-las até a garagem do meu prédio. Foi a nossa salvação!
Vocês já tiveram problemas com plágio. Como lidam com isso, visto que hoje a maioria dos concursos culturais ocorre em redes sociais, e as frases ficam ali, à vista de todo mundo? Vocês tomaram alguma providência contra o plagiador?
DEBORA:
Não há como ficar inerte quando sofremos um plágio. Minha primeira atitude é sempre tirar satisfações com o próprio plagiador, caso eu saiba como contatá-lo.
Certa vez, fui alertada que uma frase minha, ganhadora de um concurso de Dia dos Pais promovido pelo Walmart no Twitter, havia sido plagiada. No mesmo instante, acessei o perfil da plagiadora e, ao ver que minha frase de fato havia sido copiada, comecei a lhe escrever um tweet. Num piscar de olhos, a frase foi excluída. Desisti de contatá-la, mas não me esqueci do crime nem de sua autora.
Em outra ocasião, descobri um plágio ao acaso, também no Twitter. Entrei em contato com o plagiador por DM, que alegou haver se “inspirado” em tema semelhante para elaborar uma frase coincidentemente idêntica à minha. Tentei manter a polidez e lhe mostrar que estava equivocado, copiando e colando uma URL onde constava a minha frase, copiada ipsis litteris por ele.
Ele argumentou e chegou a dizer que se tratava de um prêmio de pequeno valor, e que até poderia cedê-lo a mim. Expliquei-lhe o óbvio ululante: não estava ali para discutir o prêmio, mas sua atitude.
Houve ainda outros casos de plágio em que oferecemos denúncia aos organizadores do concurso, mas plágios não foram os únicos problemas que enfrentamos nessa trajetória pelo universo dos concursos culturais.
O Eduardo já sofreu um seriíssimo roubo de frase, situação que deixaremos para contar em outra ocasião, e eu e meus pais tivemos nossos documentos roubados e utilizados para inviabilizar nossa participação num concurso cultural, questão que tramita em vias judiciais.
Recentemente vi algumas mensagens no Facebook alertando sobre roubos de prêmios – pessoas que se apresentam como ganhadores para as empresas promotoras e indicam determinado endereço falso para a entrega dos prêmios.
Só li sobre esse assunto superficialmente, mas, ao que parece, trata-se de um verdadeiro crime organizado.
Faço votos que aqueles que foram lesados levem a questão às delegacias de crimes cometidos por meios eletrônicos.
É muito triste ver que os concursos culturais estão saindo do nível da competição e entrando na esfera da criminalidade.
Infelizmente, os criminosos não são pessoas que vão se compadecer com qualquer tipo de apelo respeitoso.
Estamos lidando com gente que não sente o menor remorso em subtrair os bens alheios. Gente que viaja o mundo à custa de frases plagiadas, mas que ainda não carimbou o passaporte na terra do bom senso. Para isso, só há uma saída: polícia, advogado e justiça.
EDUARDO:
Realmente tivemos problemas com o plágio, assim como outros promonautas. Infelizmente esse problema tem se tornado cada vez mais frequente, e a cara-de-pau de seus praticantes está cada vez maior! Muitas vezes não nos manifestamos, pois notamos que algumas pessoas pesquisam as respostas no Google, identificam as irregularidades e cobram providências das empresas, o que é muito bom.
Acho que esta “fiscalização voluntária” pode ser a solução para um mal que está minando o mundo dos concursos. Penso que a situação vai melhorar quando começarem a rolar alguns processos judiciais, afinal, o plagiador parece desconhecer ou ignorar que a frase que ele copiou não pertence apenas ao autor, como também à empresa que a escolheu (ao entregar o prêmio, comumente pede-se para que o ganhador assine um termo concedendo os direitos de exploração da sua resposta).
Fomos vítimas também de um crime de falsidade ideológica – utilizaram dados da Debora e dos nossos familiares para inviabilizar a participação deles num concurso – mas este é um caso que está correndo em sigilo, nas mãos do nosso advogado.
Vocês participam de promoções com outras mecânicas: vídeo, fotos, sorteios de cartas? Já ganharam prêmios na sorte?
DEBORA:
Não nos arriscamos muito nesse
universo de vídeos e fotos, nossa maior paixão é mesmo escrever. Ainda assim, são possibilidades que consideramos, desde que não haja nenhum tipo de votação envolvida, afinal, essa mecânica é sempre polêmica graças às inúmeras fraudes que a permeiam.
Antigamente eu participava de sorteios de cartas, agora há essas modalidades de cadastro de códigos de barra e cupons fiscais, envio de SMS e outras. Nesses casos, confesso que participo – não obsessivamente, mas se já sou consumidora dos produtos e vou comprá-los de qualquer maneira, não custa nada participar.
Os únicos prêmios que ganhei fora dos concursos culturais foram um “terno” da “quina” (algo como R$ 32,00 – na época, deu um bom jantar) e uma boneca Barbie, numa espécie de “raspadinha” da Brinquedos Estrela, no início dos anos 90.
EDUARDO:
Promoções com vídeos nunca tentamos, mas de vez em quando dá vontade de participar, deve ser bastante divertido. Já fizemos umas duas tentativas com fotos, mas não ganhamos. Sorteios foram pouquíssimos, dá pra contar nos dedos os prêmios.
O problema, a meu ver, é que geralmente estas outras mecânicas envolvem um processo de votação, procedimento que reprovamos, pois muitas vezes abre brecha para fraudes, embora conheçamos pessoas que se empenham para conseguir votos por meios lícitos, e fazem por merecer o prêmio.
Apesar de ser uma tendência, não somos entusiastas das promoções nas redes sociais, pois as respostas de todos os participantes ficam bastante expostas, problema que começou a ser resolvido por algumas empresas, que estão criando aplicativos específicos para cada concurso, com seus respectivos formulários de inscrição, dentro do próprio Facebook.
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Apesar disso, para mim ainda não criaram promoção melhor do que aquela em que você tem que ir a determinado lugar, preencher o cupom e depositar na urna, mas temos que aceitar e nos adaptar às transformações: atualmente as empresas querem estar mais próximas dos consumidores, e as redes sociais proporcionam isso.
Com tantas promoções como se organizam, quais tipos de concursos vocês priorizam?
DEBORA:
Costumamos priorizar os concursos que envolvem prêmios de maior valor e também aqueles que podem nos proporcionar grandes experiências, como viagens e espetáculos.
Como ganhar é muito melhor que comprar, há aqueles que participo porque estou precisando de determinada coisa ou porque achei o prêmio bonitinho – foram os casos da lavadora de roupas que pude ganhar e dar para a minha avó, de uns utensílios de cozinha que me foram extremamente úteis – e ainda pude dividir com a minha mãe –, e da ovelha gigante da Naldecon, que é uma gracinha.
EDUARDO:
Não saímos participando de todas as promoções que vemos pela frente. Muitos concursos que num primeiro olhar parecem interessantes, acabam descartados com uma simples pergunta: “Vale o esforço?”
Geralmente priorizamos as promoções com prêmios maiores (carros, eletrônicos, vale-compras, viagens internacionais e experiências legais, como finais de semana em resorts, jantares, etc).
Porém, quando não tem muita promoção rolando, entramos em promoções com prêmios de menor relevância, pois não deixa de ser um exercício.
diversos prêmios
Quais dicas vocês dariam para quem está começando agora a participar de concursos culturais?
DEBORA:
Leia o regulamento atentamente e respeite todos os seus termos, por mais absurdos que possam parecer, afinal, sempre pode surgir algum oportunista divagando sobre os conceitos de “frase”, “oração” e “período” ou qualquer outro assunto dúbio. Se estiver escrito que você precisa escrever uma frase cujo limite é de 1.000.000 de caracteres, não conjecture: escreva apenas uma frase.
Jamais apele para o “coitadismo” ou “puxa-saquismo” antes ou depois da divulgação do resultado de um concurso cultural, desagrada quem lê e degrada quem escreve.
Se todos os caminhos já te levaram à inveja, esforce-se para não dar mais nenhum passo adiante – você pode acabar pisando no território do plágio e do crime.
Se você foi vítima de plágio ou qualquer outro crime correlato, procure as instâncias competentes.
Mantenha a mente aberta; experimente coisas novas (novas e lícitas, que não façam mal pro seu corpo nem pra sua alma); viaje, ainda que apenas na imaginação; leia livros, jornais, revistas, histórias em quadrinhos, manuais, bulas de remédios, embalagens de produtos e até obituários – seu cérebro é capaz de fazer conexões incríveis, alimente-o com todos os tipos de referências que puder.
“Memento mori”, uma expressão em latim que escutei e nunca mais esqueci. É algo como “lembre-se de que você vai morrer”, “lembre-se de que você é mortal”. Se você está numa boa fase, ganhando inúmeros concursos culturais, fique feliz e comemore, mas não se exalte tanto a ponto de humilhar outros concorrentes ou se enaltecer demais, afinal, memento mori.
EDUARDO:
Vou acabar sendo redundante (pois outros entrevistados já tocaram em alguns pontos), mas tenho doze dicas:
(1) Leia sempre o regulamento atentamente;
(2) Respeite o número de caracteres máximo para a sua frase/resposta;
(3) Verifique se estão pedindo para você escrever uma “frase” ou uma “resposta”, pois sempre surgirá um engraçadinho querendo prejudicar o ganhador que escreveu uma “resposta” ao invés de uma “frase”;
(4) Valorize a língua portuguesa, não a maltrate (pode usar o Google para tirar suas dúvidas de ortografia, se for o caso);
(5) Observe se você pode mencionar a marca da empresa, para não ser desclassificado;
(6) Depois de participar, não fique escrevendo comentários no Facebook ou no Twitter “puxando o saco” da empresa, é uma atitude condenável;
(7) Não se faça de coitadinho em suas respostas: concurso cultural não é assistencialismo;
(8) Procure averiguar quem fará a seleção dos textos vencedores;
(9) Não seja invejoso, não se ache a última cereja do bolo – “minha frase era muito melhor” – e respeite os demais promonautas, há muitas pessoas talentosas por aí, e espaço de sobra para todo mundo que se aplicar;
(10) Viaje um pouco, leia livros, curta cinema, escute música, veja comerciais estrangeiros no YouTube e procure, quando possível, escapar da rotina, pois todas essas experiências são enriquecedoras, e estimulam a criatividade;
(11) Seja organizado, elabore relações de promoções que pretende participar, listas de resultados, crie histórico de suas respostas/frases nos concursos, tire cópia dos cupons que preencheu, etc;
(12) Participe sempre, não desanime nunca!
Fotos Viagens que o casal já ganhou...
Que vocês continuem sendo o casal mais criativo e premiado do mundo dos concursos culturais, sucesso sempre, que o nome de vocês esteja em muitos e muitos resultados.
DEBORA:
Aline, gostaria de agradecê-la por nos abrir as portas de seu blog para dividirmos com outros promonautas um pouquinho da nossa história.
Aceitamos com prazer esta entrevista (a despeito de já termos nos negado a participar de outras, em outros veículos de comunicação) porque temos grande carinho e gratidão pelo Baú da Promoção, afinal, muitos dos prêmios que ganhamos nasceram aqui.
Aproveito este espaço para me desculpar por não ser recíproca com tantos outros participantes que sempre me avisam sobre prêmios que ganhei e me parabenizam.
Apesar de ser a minha maior vontade, não posso ficar online grande parte do dia nem acompanhar todos os resultados de concursos culturais. Dessa forma, sempre fico muito grata e feliz com o carinho que recebo, e ao mesmo tempo com vergonha por não poder retribuir à altura.
Por isso, pelas vezes que estive e estarei calada, faço questão de deixar registrado neste espaço duas palavras a todos os outros colegas promonautas: obrigada e parabéns!
EDUARDO:
Nós é que agradecemos pela oportunidade de registrar nosso depoimento para os seus leitores, pessoas que compartilham conosco a paixão por esse mundo incrível das promoções. Adoramos o seu site: muitas das nossas histórias com os concursos começaram aqui, lendo seus posts diariamente. Desejamos muito sucesso e que o Baú continue cheio de promoções!
P.S: Enquanto postava a entrevista fui surpreendida em cada resposta da Debora e do Eduardo, o casal além de nos motivar, nos deixar admirados e esperançosos com suas histórias, também falaram de assuntos que alguns promonautas precisam repensar , como o plagiar e ser plagiado, o egocentrismo, a inveja...
Eduardo e Debora vocês são incríveis mesmo, e nem tô falando dos Concursos Culturais agora...(porque isso não é novidade) rs.
Obrigada!